Tenho percebido, nos últimos tempos, que lido mal com a chamada discriminação positiva. Entendo que em parte seja necessária, que o seu objectivo é, em última análise, a igualdade, mas pretender lutar pela igualdade implementando desigualdade deixa-me reticente.
O que me leva ao assunto da discriminação positiva é o dia que hoje se celebra. Hoje, 8 de março, é Dia Internacional da Mulher. Não me vou dar ao trabalho de dissertar sobre a história desse dia, nem tudo o que lhe está associado. O essencial é que o objectivo deste dia era recordar todo o sofrimento pelo qual as mulheres passaram e passam, e tudo aquilo que já conseguiram conquistar. Eu entendo isso. Mas, sendo assim, há um dia para a mulher, e os restantes 364 do ano são para o homem. Neste dia, tal como em outros que actualmente são quase exclusivamente comerciais ( dia dos namorados, dia da mãe, etc), as pessoas fazem um esforço, dão uma flor, são simpáticas, e amanhã voltam a ser as mesmas bestas de sempre.
Durante um dia, num ano inteiro, a sociedade lembra-se que as mulheres já sofreram horrores pelo simples facto de nascerem mulheres. Que hoje, no século XXI, as mulheres continuam a não receber salários de acordo com as suas funções, mas sempre mais baixos que os dos homens com as mesmas capacidades, que continuam a ser rejeitadas para cargos para os quais têm completa competência, simplesmente porque não mulheres. Durante um dia, 24 horas, a sociedade lembra-se disso. E depois esquece, e volta a cometer os mesmos erros, os mesmos maus tratos, a mesma discriminação, dia após dia.
Por isso, e por muito mais, eu não gosto do dia da mulher, e não sou, nem serei melhor pessoa nesse dia, do que sou nos restantes dias do ano.
3 comentários:
humhum, 11º ano.
eu tbm! o poema é mesmo intenso :)
oh, acho isso um maximo ;)
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