15.11.10

Trabalhar para o Estado é que é: sem ordenado, sem contrato, assim é que se quer!

Eu não me esqueci do Centenário da República, a 5 de Outubro, nem podia esquecer. E tinha feito planos para falar da importância histórica desse dia (assim como dos que o precederam e dos que se seguiram). Mas para falar do 5 de Outubro, tinha de falar da forma como a actual república tratou aqueles que para ela trabalharam no âmbito das comemorações. E a verdade é que tinha medo de falar e não receber o ordenado.

COMEMORAÇÕES DO CENTENÁRIO DA REPÚBLICA COM CONTRATAÇÕES ILEGAIS E PAGAMENTOS EM ATRASO

Contratos ilegais nas Comemorações do Centenário da República

Sim, isto é verdade. As exposições inauguraram no dia 23 de Julho, os contratos foram assinados com data de 15 de Outubro, e os recibos verdes passados com a mesma data. Durante 3 meses os guias não receberam um cêntimo, não tiveram forma de comprovar que estavam a trabalhar, não tiveram direitos nenhuns. Como se já não bastasse estar a trabalhar a recibos verdes, ou seja, não ter quaisquer garantias, esses recibos verdes nem sequer eram decentemente usados, e ver dinheiro a tempo e horas era mentira. Fomos falsos recibos verdes. Fomos forçados a cumprir horários, usar farda e trabalhar num posto determinado pelos coordenadores, o que contraria as regras mais básicas da prestação de serviços a recibos verdes. Fomos forçados a pagar do nosso bolso o seguro de acidentes de trabalho, sim, porque nem isso o Estado se digna a pagar. Mas não teve problema algum em pagar milhares de euros por construções mal feitas, grafismos mal feitos, em geral trabalhos mal feitos. Vejam no site do ajuste directo.


Eu vi o pagamento hoje. Hoje, dia 15 de Novembro! 4 meses depois de ter começado a trabalhar. E estive a pontos de achar que não iria ver pagamento nenhum. A Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República tinha um orçamento de 10 milhões de euros, e foi incapaz de nos pagar a tempo e horas. É triste, muito triste mesmo, ver a forma como o Estado trata os seus trabalhadores. Como é que o Estado espera ser respeitado, se não respeita os seus próprios trabalhadores?
Ah, e a senhora Catarina Portas, que encheu a boca para dizer que os seus funcionários estavam a ser pagos, é uma mentirosa do pior, porque houve funcionários seus que só viram hoje o pagamento de há meses.

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