27.3.11

A vida da minha avó, parte 2

A minha avó acha o Pinto da Costa um grande homem, que tem feito muito pelo clube, e que está lá há muitos anos porque as pessoas gostam dele.
A minha avó acha o Sócrates um ladrão, um criminoso, que foi eleito de forma fraudulenta, e se ele aparecesse morto ela era bem capaz de dar uns pulinhos de alegria.
A minha avó é um dos milhões de exemplos da típica mentalidade deste país.
Sou só eu a reparar na incoerência?

26.3.11

Já nem me lembrava como isto cansa

Vários anos depois, fiz desporto. Menos de uma hora. Estou exausta.

25.3.11

Como dizia o Poeta, é a vidinha portuguesa

A "maior operação estatística do país" é um rotundo falhanço: não foram impressos questionários suficientes, e esgotaram a meio do período de entrega; o site e a linha de apoio estão praticamente inutilizáveis, porque ninguém se lembrou que milhares de pessoas iriam em simultâneo recorrer a estes; os recenseadores não receberam todos a mesma formação, uns estão autorizados a deixar inquéritos nas caixas de correio, outros não, é à vontade do freguês; o inquérito tem perguntas inúteis e convida à fraude nacional na bela pergunta 32. A quem é que isto surpreende?

O governo caiu, porque a oposição recusa mais sacrifícios para a população. No dia seguinte Passos Coelho informa que, se subir ao poder, vai aumentar os impostos, e a UE informa que, por ter sido chumbado este pacote de medidas, vai ser preparado um muito mais agressivo para Junho. No entretanto, os partidos continuam a mandar bocas uns aos outros, a preparar os seus tachos para a próxima legislatura, e os cidadãos que se fodam.

Sabem o que é isto? Não é mais do que os portugueses merecem.

19.3.11

Começa a ser demais.

Aviso: o texto que se segue, por motivos de revolta pessoal, inclui expressões que podem ferir a sensibilidade de pessoas mais susceptíveis.

O Japão está de rastos; aguentaram um sismo, um tsunami e uma crise nuclear, e já estão a pensar como reconstruir um país. A Líbia está em guerra; um militar completamente maluco (não há outra definição para Khadafi) ordenou a morte de milhares de pessoas, porque estas queriam uma democracia. Há milhões de pessoas por esse mundo fora a morrer de fome, de doenças que a nós nos parecem banais, de coisas pelas quais ninguém devia morrer no século XXI.
E em Portugal, os filhos da puta dos políticos andam a discutir quem é que tem razão numa porra de umas medidas de austeridade. Estes filhos da puta que deviam ser pessoas sérias e responsáveis e saber organizar um país, são incapazes de ter uma conversa decente uns com os outros. Quando milhões morrem, os políticos sentam-se na assembleia, recebem um balúrdio, e discutem uns com os outros sem nunca chegar a lado nenhum.
Tenho um nojo indescritível destes montes de merda que se dizem políticos e líderes. TENHO NOJO!

12.3.11

Declaração de interesses, ou porque é que sou uma pessoa revoltada

Isto começou por ser uma conversa com a minha namorada, que me pareceu fazer sentido enquanto texto. É talvez um desabafo. Por isso, aqui fica.

Eu pretendo sair de Portugal e procurar trabalho noutro país, num futuro eventualmente pouco distante. E os motivos que me levam a isso são muitos. Não é só a crise económica ou a discordância com as medidas políticas tomadas. É a consciência de que não pertenço aqui, o sentimento de ser necessária uma transformação social e mental de enormes dimensões para que Portugal, mais do que sair da crise, encontre um caminho.
Eu quero ir para um sítio onde tenha voz própria, onde não seja só um número de identificação. Não sou brilhante, nem pretendo ser, mas sei que sou boa no que faço. E por isso quero que me ouçam. De que me vale ser inteligente ou sensata, se vivo num país onde à partida me atiram para o desemprego ou me impossibilitam de ter voz pública porque não pertenço a um partido político?
Tenho um tempo de vida limitado, como toda a gente. E quero aproveitá-lo para fazer alguma coisa de remotamente útil, e que seja também interessante para mim. Se tenho possibilidade de escolha, então quero escolher. Se posso escolher entre ficar em Portugal, e ser desprezada, ou ir para outro sítio, e não ser tão desprezada, então eu vou escolher o sítio onde me ouvem, onde me dão valor.
O meu problema não é preguiça ou facilitismo. Tenho 21 anos e já fiz mais trabalhos diferentes que muita gente de 50; já fui mal paga, já fui um falso recibo verde. Mas sei que mereço mais (muitos patriotas e nacionalistas podem discordar do que vou dizer, mas eu não sou patriota nem nacionalista, nasci neste país por acaso): esta sociedade não merece o meu esforço.