25.11.09

Dia internacional pela eliminação da violência contra a mulher

Hoje, 25 de novembro, é o dia internacional pela eliminação da violência contra a mulher. A semana passada morreram três raparigas portuguesas, assassinadas pelos próprios namorados. É irónico. Tristemente irónico.
Felizmente nunca fui vítima de violência numa relação, e por isso não entendo. Não entendo as raparigas e mulheres (e homens, porque os há, mas em percentagem reduzida) que são agredidas, seja física ou psicologicamente, e se calam. Não entendo as mulheres que aguentam anos de maus tratos, maus tratos esses que, por vezes, começam na juventude, durante o namoro, e se prolongam. Não me venham dizer que é por causa dos filhos, ou do dinheiro. Os filhos são felizes se os pais se odeiam e maltratam? Duvido muito. E não há dinheiro que compre a dignidade humana.
Não entendo como é que estas mulheres não viram costas ao primeiro gesto, à primeira ameaça. Não tenho moral para falar, é certo. Nem quero ter. Ainda assim continuo a achar que não iria tolerar violência vinda de quem amo.
Nem vou dizer que não entendo a parte de quem agride, porque isso nem tem entendimento possível, é estupidez humana ao mais alto nível.
O que eu também não entendo são as pessoas que sabem de casos de violência doméstica, que por vezes os presenciam, e não fazem nada. Para quem não sabe violência doméstica é crime público: qualquer pessoa que tenha conhecimento de uma situação dessas pode, e deve, fazer queixa às autoridades. Mas não fazem. Porque "entre marido e mulher não se mete a colher". Não fazem porque são pessoas igualmente estúpidas, que gostam de saber que os outros sofrem sem agir. Há uns tempos li um artigo sobre mulheres da "alta-sociedade" (não sei o que isso seja, mas transcrevo) agredidas pelos maridos; as famílias sabiam das agressões, algumas das quais de uma brutalidade indescritível, e não faziam nada. Porque não queriam enfrentar as opiniões dos outros. Porque as opiniões alheias são sempre mais importantes que a felicidade própria.
Tenho pena. Tenho pena das mulheres que vivem situações dessas e cujo medo as paralisa, que não conseguem escapar a esse ciclo de violência. Tenho pena dos filhos que assistem a essa violência. E tenho nojo, tenho muito nojo, da sociedade que continua a tolerar estes comportamentos.
E para quem continua a achar que é a ordem das coisas, "sempre foi assim, é assim que deve ser", fica aqui a lista de mulheres assassinadas pelos maridos, namorados ou companheiros, só este ano.

1 comentário:

Papoila e Orquídea disse...

Fui, num ano, a uma palestra sobre este tema. O que acontece é que, apesar de as denuncias ate serem algumas (pelas próprias ou por outrem) nunca chega a acontecer nada. Ou porque não há provas, ou porque a mulher nega (e aqui há muitas questões envolvidas, não só a dos filhos mas também, e essencialmente, a monetária e a de sofrer represálias) ou porque a policia não chega a fazer nada (triste). Quando há denúncia acho que o homem é obrigado a seguir para a prisão, mas se ao fim de x tempo não houver provas é libertado e volta para casa... o que não é nada favorável. Para além disso, há muitos que depois de presos voltam a perseguir a mulher... Enfim. Apesar de intolerável, é mesmo muito complicado... e conheço situações de perto.

Um beijinho e bom resto de semana =)