26.11.11
Da frustração como consciência
20.9.11
Porque sim.
Há cerca de dois anos e meio atrás (mais coisa, menos coisa) entrou na minha vida uma pessoa que desde aí não deixou de ter influência em mim. Às vezes de formas tão subtis que ela talvez nem se aperceba. Em dois anos e meio, mudámos muito. Crescemos. Aprendemos. E nenhuma dessas coisas é fácil. Pelo contrário, são difíceis, são dolorosas, exigem empenho. Tal como uma relação exige.
Em dois anos e meio, nem sempre nos empenhámos tanto quanto devíamos, porque ninguém tem força em todos os momentos. Mas talvez seja essa a principal razão para, passado este tempo, podermos continuar a dizer que somos felizes juntas: partilhámos a força quando uma das partes enfraquecia. Partilhámos é a palavra mais importante.
E agora, que as coisas mais uma vez mudam, e as minhas forças falham, venho agradecer-te. Por me apoiares, por me acompanhares, por me elogiares, por me conheceres. Por leres tão bem os meus gestos e, pacientemente, me acalmares. Obrigado por seres quem és.
Amo-te. Beijo-te.
29.7.11
Vira o disco e toca o mesmo (que é como quem diz "mas alguém acreditou que isto ia mudar?")
Só para o gabinete do primeiro-ministro foram contratados (até agora, um louco mês de trabalho) 11 motoristas. Não me afecta especialmente o valor que vai ser gasto com eles, porque recebem entre 500 e 800 euros (enquanto um assessor da mesma lista recebe uns módicos 3500 euros, só para comparar).
Mas vejamos, 11 motoristas? Um para cada dia da semana, e os outros para os domingos e feriados? Sim, eu sei, os assessores e secretários e especialistas e etc... também devem ter direito a motorista, porque evidentemente alguém que trabalha no gabinete do primeiro-ministro não pode fazer o sacrifício de conduzir. Conduzir é coisa de gente sem nível. É por isso que eu não conduzo. Vou a pé.
2.6.11
Ouvi dizer que o país estava em crise. À beira da bancarrota. Mas eles preferem discutir palermices...
Ouço os principais líderes partidários apelarem ao voto útil. Não ao voto naquilo em que os cidadãos acreditam. Não o voto nas propostas que lhes parecem melhores, impossível de fazer, porque as propostas não foram apresentadas, a única coisa que se ouviu em semanas (meses?) de campanha foram críticas pessoais. Não, zé povinho, não votes no partido cujos princípios têm mais a ver com os teus. Não. Tens de votar onde dá jeito. Votar neste para aquele não ganhar.
Depois ouço os mesmos líderes partidários (os 5 da vida airada) defender que não se pode fazer críticas em comícios partidários. Claro que não. Julgam que vivemos numa democracia ou quê? Se vão ao comício é para dizer que aquele partido é bom, que é óptimo, que é maravilhoso, e para receber beijinhos do político peganhento que por lá anda. Os 5 da vida airada vão acabar esta campanha com uma bela infecção cutânea, de tanto beijinho têm dado.
E, se calhar, o que mais interessa perguntar neste momento é "de que é que vale?". Não me surpreende que haja uma abstenção gigantesca. Poucos acreditam que um daqueles 5 da vida airada faça alguma coisa de jeito quando chegar ao poder.
Mas não pensem que vou ficar em casa nesse dia. Não concordo com nenhum dos líderes. Não concordo com nenhum dos partidos. Não concordo com esta sociedade ou este país. Mas não fico calada.
19.5.11
Crise? Mas isso não é o estado habitual de Portugal?
A única coisa que me interessa dizer é: está quase a fazer 120 anos que Portugal enfrentou uma crise exactamente igual. Recorreu sucessivamente a empréstimos estrangeiros para manter a economia; os empréstimos implicavam juros, que foram conseguidos através de impostos aplicados à população; a incapacidade de reduzir as despesas levou a um descontrolo na necessidade de pedir dinheiro, que conduziu a um estado de ruptura financeira. Como em 1892 não existiam FMI e BCE e coisas afins, Portugal entrou em bancarrota.
E o que é que interessa esta pequena lição de história? Interessa para mostrar que os muitos políticos e comentadores que têm enchido a boca a dizer que tudo isto era imprevisível, das duas uma: ou são burros e nunca leram um livro de história de Portugal, ou julgam que os outros são burros.
19.4.11
Será uma lei do Universo?...
13.4.11
Um deserto não digo, mas no tempo que demorei a chegar a Mértola tinha ido a França e voltava.
Hoje foi o primeiro voo a partir do aeroporto de Beja. Não foi a inauguração, não, aquilo ainda não foi inaugurado, aliás, aquilo nem sequer está certificado como aeroporto, o voo de hoje teve uma autorização especial para festejar coisa nenhuma, mas na verdade foi só uma ilegalidade. O aeroporto de Beja devia ter sido inaugurado há 3 anos. 3 anos, ouviram bem. Em 3 anos eu tirei uma licenciatura; em 3 anos, o Estado não teve tempo de tratar da papelada e abrir oficialmente o aeroporto de Beja.
Mas o que é que Mafra tem a ver com Beja? Aparentemente nada. Eu uso Mafra, caso que conheço bastante bem, porque vivi 18 anos nesse concelho, como ponto de comparação. O concelho de Mafra tem o dobro dos habitantes do concelho de Beja. Os concelhos vizinhos de Mafra, Loures e Torres Vedras, multiplicam várias vezes a quantidade de habitantes dos concelhos mais próximos de Beja. Mas em Beja construíram um aeroporto. Um aeroporto que vai ter um voo por semana. Custou 35 milhões de euros e vai ter um voo por semana.
Se eu vivesse no meio de nenhures, ou seja, no Alentejo (não estou com isto a querer ofender quem lá vive, até porque eu vivo num sítio que mais parece nenhures), também ia gostar de ter um aeroporto por perto, pois ia. Mas acho que interessa ser racional, e fazer cálculos. E um aeroporto de 35 milhões de euros, no meio da planície alentejana, onde existem poucos habitantes, e a maior parte tem mais de 65 anos e é pobre, não me parece nadinha racional. Porque é que não se constrói um aeroporto em Bragança? As pessoas de lá também devem querer. E se calhar até têm mais poder de compra e possibilidades de viajar.
Depois queixam-se que a economia está mal...
27.3.11
A vida da minha avó, parte 2
A minha avó acha o Sócrates um ladrão, um criminoso, que foi eleito de forma fraudulenta, e se ele aparecesse morto ela era bem capaz de dar uns pulinhos de alegria.
A minha avó é um dos milhões de exemplos da típica mentalidade deste país.
Sou só eu a reparar na incoerência?
26.3.11
Já nem me lembrava como isto cansa
25.3.11
Como dizia o Poeta, é a vidinha portuguesa
O governo caiu, porque a oposição recusa mais sacrifícios para a população. No dia seguinte Passos Coelho informa que, se subir ao poder, vai aumentar os impostos, e a UE informa que, por ter sido chumbado este pacote de medidas, vai ser preparado um muito mais agressivo para Junho. No entretanto, os partidos continuam a mandar bocas uns aos outros, a preparar os seus tachos para a próxima legislatura, e os cidadãos que se fodam.
Sabem o que é isto? Não é mais do que os portugueses merecem.
19.3.11
Começa a ser demais.
O Japão está de rastos; aguentaram um sismo, um tsunami e uma crise nuclear, e já estão a pensar como reconstruir um país. A Líbia está em guerra; um militar completamente maluco (não há outra definição para Khadafi) ordenou a morte de milhares de pessoas, porque estas queriam uma democracia. Há milhões de pessoas por esse mundo fora a morrer de fome, de doenças que a nós nos parecem banais, de coisas pelas quais ninguém devia morrer no século XXI.
E em Portugal, os filhos da puta dos políticos andam a discutir quem é que tem razão numa porra de umas medidas de austeridade. Estes filhos da puta que deviam ser pessoas sérias e responsáveis e saber organizar um país, são incapazes de ter uma conversa decente uns com os outros. Quando milhões morrem, os políticos sentam-se na assembleia, recebem um balúrdio, e discutem uns com os outros sem nunca chegar a lado nenhum.
Tenho um nojo indescritível destes montes de merda que se dizem políticos e líderes. TENHO NOJO!
12.3.11
Declaração de interesses, ou porque é que sou uma pessoa revoltada
Eu pretendo sair de Portugal e procurar trabalho noutro país, num futuro eventualmente pouco distante. E os motivos que me levam a isso são muitos. Não é só a crise económica ou a discordância com as medidas políticas tomadas. É a consciência de que não pertenço aqui, o sentimento de ser necessária uma transformação social e mental de enormes dimensões para que Portugal, mais do que sair da crise, encontre um caminho.
Eu quero ir para um sítio onde tenha voz própria, onde não seja só um número de identificação. Não sou brilhante, nem pretendo ser, mas sei que sou boa no que faço. E por isso quero que me ouçam. De que me vale ser inteligente ou sensata, se vivo num país onde à partida me atiram para o desemprego ou me impossibilitam de ter voz pública porque não pertenço a um partido político?
Tenho um tempo de vida limitado, como toda a gente. E quero aproveitá-lo para fazer alguma coisa de remotamente útil, e que seja também interessante para mim. Se tenho possibilidade de escolha, então quero escolher. Se posso escolher entre ficar em Portugal, e ser desprezada, ou ir para outro sítio, e não ser tão desprezada, então eu vou escolher o sítio onde me ouvem, onde me dão valor.
O meu problema não é preguiça ou facilitismo. Tenho 21 anos e já fiz mais trabalhos diferentes que muita gente de 50; já fui mal paga, já fui um falso recibo verde. Mas sei que mereço mais (muitos patriotas e nacionalistas podem discordar do que vou dizer, mas eu não sou patriota nem nacionalista, nasci neste país por acaso): esta sociedade não merece o meu esforço.
17.2.11
Vai-se a ver, e qualquer dia ser contra a violência doméstica também é uma questão ideológica...
Esta frase é todo um programa. Dois núcleos integrados no Ministério da Educação, do Estado Português, de um país onde vigora uma constituição que proíbe, no seu artigo 13º, a discriminação em função da orientação sexual, decidiram que lançar uma campanha contra a homofobia com cartazes onde se apela às boas relações entre jovens, independentemente da sua sexualidade, era uma questão ideológica. Claro que é. Aliás, toda a gente sabe que a esquerda em Portugal quer que toda a população venha a ser gay. Que na verdade, só defendem a luta contra a homofobia aqueles que são de extrema-extreminha-esquerda, porque o resto das pessoas tem mais com que se preocupar do que com essas mariquices.
Não é de admirar que a sociedade portuguesa seja a desilusão que muitas vezes é, se o Estado continua a achar que defender direitos humanos é uma questão ideológica.
8.2.11
4.2.11
A culpa é do governo, claro...
Muito se tem falado ultimamente de escolas, públicas e privadas, de ensino, de professores e alunos. Tenho visto textos e comentários de todo o tipo de pessoas, a maior parte das quais foi aluno há dezenas de anos, não põe os pés numa escola desde miúdo. A verdade é que muitas das pessoas que por aí andam a mandar bitaites, não fazem ideia o que é uma escola actualmente.
Também não entendo bem a questão das escolas públicas e privadas, porque me parece que há pontos mal explicados. Se o Estado subsidia escolas privadas para receber alunos gratuitamente, parte-se do princípio que as públicas da área têm excesso de alunos. Pude confirmar o contrário na minha região. No concelho em que vivo, existe uma escola secundária pública e duas privadas com contrato com o Estado. A secundária pública está tão, ou tão pouco, cheia que se tornou o centro de novas oportunidades.
Mas não é isto o que me interessa para já. É o ensino, mas na vertente professores. Eu tive bons professores. Tive, aliás, óptimos professores. Só que foram poucos. Se calhar foi azar meu. Mas estranho, não andava em escolas especialmente problemáticas, em zonas complicadas, não havia mau ambiente. Nada justificava que tantos dos professores que tive agissem como se fossem obrigados a estar naquela profissão.
A verdade é que uma boa parte dos professores parecem não compreender a importância da sua profissão: eles formam mentes, passam conhecimentos, têm a oportunidade de tornar futuros cidadãos em pessoas melhores, mais preparadas, mais fortes, mais correctas. Ser professor não deve ser fácil, e seguir essa profissão não deveria ser uma decisão que se tomasse de ânimo leve (há muitos anos que sei que não tenho capacidade de ser professora dos ensinos básico e secundário, mas continuo a sonhar com o ensino superior). Mas muitos professores que actualmente estão em funções tomaram essa decisão de ânimo leve. E agora são desatentos, pouco competentes, por vezes até mal educados, parecem estar ali a fazer um frete.
Se não tinham capacidade para aguentar tudo aquilo que a profissão implica, não tivessem seguido esse caminho. Mas se agora estão nele, esforcem-se para ser competentes, porque existem muitos alunos a tornar-se adultos burros por sua causa.