Quando se falava em mudar a lei para legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo, insurgiam-se os conservadores (e a população portuguesa que pouco pensa e vai atrás daquilo que ouve), dizendo que tinhamos assuntos mais importantes com os quais nos preocupar, que a economia estava mal, o desemprego para aqui, o défice para ali, tudo coisas importantes, sem dúvida. A lei foi mudada, não houve nenhuma catástrofe por causa disso.
Agora, os mesmos conservadores esquecem que há défice e desemprego e coisas assim, para vir clamar pela "morte" (forma resumida de demissão e humilhação pública) do primeiro-ministro, porque foi apanhado numa escuta que não lhe era dirigida, e que foi considerada ilegal pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça. Desdobram-se em inquéritos, comissões, petições, tudo e mais alguma coisa, para ouvir conversas de outras pessoas, que foram consideradas ilegais por aquela que é, só, a figura mais alta do sistema judicial português, e que, quer queiram quer não, tem competências para tomar aquela decisão. Porquê? Porque não lhes agrada que o primeiro-ministro não seja linchado em via pública, porque são de outro partido, porque não têm a mínima moral.
Quando se tratava de dar direitos a quem não os tinha, preferiam fazer de conta que o assunto não era importante. Como agora o objectivo é meterem o bedelho onde não são chamados, já andam todos muito preocupados, a gastar tempo, dinheiro e tudo o mais que seja preciso.
Dois pesos e duas medidas. Depois venham falar de coerência.
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