Hoje, 1º de Dezembro, comemora-se a restauração da independência de Portugal. Melhor dizendo, comemoram aqueles que nela acreditam. Não faço parte desse grupo.
A ideia do terrível domínio filipino e do heroísmo da restauração da independência, apesar de ter antecendentes, foi principalmente defendida e inculcada na sociedade durante o Estado Novo. O Estado pretendia mostrar a capacidade de sobrevivência dos portugueses, que se teriam revoltado contra a governação espanhola e restaurado o legítimo rei. Infelizmente isso é falso.
Não tenho jeito para me armar em José Hermano Saraiva e contrair tudo o que já foi dito sobre tudo da história. Mas neste caso a minha teoria tem bases documentais, pelo que me arrisco a dizer que é um bocadinho mais verdadeira que as outras.
Depois da morte dos herdeiros directos, o trono português ficou vago. E, por muito que não agrade a muita gente, o pretendente mais legítimo era Filipe II, rei de Espanha e dos Países Baixos. E era o mais legítimo porque a sua mãe, Isabel de Portugal, Imperatriz do Sacro Império Romano-Germânico, era portuguesa, nascida e criada no Paço Real de Lisboa, filha do rei D. Manuel I. E por acaso, se virmos bem, Filipe II de espanhol tinha pouco: a mãe era portuguesa, o pai era, tendo em conta as fronteiras políticas actuais, belga.
Mas mais ainda que a origem de Filipe II, importa a forma como governou. Portugal, entre 1581 e 1640, foi um estado autónomo, com istituições independentes de Espanha, mas governada pelo mesmo rei. Era o único ponto onde a administração se encontrava. E não pensem que os portugueses se mostraram muito indignados com a governação de um rei que não nascera em Portugal. Pelo contrário, aceitaram essa novidade sem grandes problemas.
A suposta restauração foi feita apenas por um grupo de nobres descontentes, que receberam o apoio popular porque qualquer movimento recebia o apoio popular (perdoem-me, mas é a verdade, os portugueses vão em tudo o que lhes digam para fazer).
Eu não tenho aquela ideia de que, se Portugal tivesse continuado sob a governação espanhola, hoje estaria melhor. Nem isso me preocupa. Mas acho que não devemos odiar os espanhóis por uma má interpretação da história.
1 comentário:
boa noite =D
convidei-te a participar num desafio lá no meu estaminé :)
bom fim de semana!
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