27.8.09

E por vezes parece que a noite desce só sobre nós
quando te sentas em silêncio no extremo do dia
e dizes tudo o que as palavras não podem dizer
como se chamas pousassem sobre as tuas pálpebras geladas
ou nos lábios surgisse o murmúrio de uma paixão antiga

e por vezes todas as horas desaparecem dentro dos teus olhos
já não há tempo para despedidas
debaixo dos meus gestos frágeis avança a tua ausência

as sombras cintilam desesperadamente rente às paredes
a loucura devassa os corpos exaustos
e traz a lembrança dos teus tristes dezasseis anos

as mãos trémulas cheias de cicatrizes farrapos de solidão
que lentamente se acumulam para esboçar
esta nossa morte a todos os momentos incerta

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