30.8.09

sabes que se sente na voz a passagem do tempo
e que todos os caminhos levam ao mesmo refúgio nocturno

sabes como ir até ao longínquo instante da partida
sem nunca olhar para trás
a sombra nas paredes da casa
a mão levantada para o adeus que não viste

sabes que um dia encontrarás alguém
que te trará de volta todos esses dias
que te passaram pela pele sem deixar marcas

pouco a pouco chega-te o sabor amargo dessa dor
que só é perceptível nos gestos mais lentos

sabes que a morte se aproxima
escondida nos ponteiros do relógio que controlas a medo
presa nos objectos que levas contigo
como uma rua vazia para os teus passos

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