Gosto da forma de escrever da Inês Pedrosa. Tanto os livros como as crónicas. É directa, não tem papas na língua, e escreve com uma lucidez e um realismo admiráveis. Há uns tempos li isto, um texto público na revista Única, que sai com o Expresso aos sábados.
Este caso absurdo aconteceu, a uma rapariga qualquer, uma adolescente, que podia ser a nossa prima ou a vizinha do andar de cima. Foi violada e teve de esperar 11 horas para que fossem feitos os exames clínicos necessários. Imaginem isto. Imaginem passar 11 horas com a sensação na pele, de que outra pessoa vos agarrou, vos tocou, abusou de vocês. Pior: depois de ser forçada a praticar sexo oral, passar 11 horas sem poder lavar os dentes ou comer. Pois, parece horrível. Mas aconteceu. E aconteceu no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Apesar do hospital ter dezenas ou centenas de médicos, não sei, não houve um único capaz de arranjar meia hora para fazer os exames à miúda e deixá-la ir para casa recuperar do trauma. Não, disseram-lhe "volte depois". Portugal às vezes mete nojo.
P. S.: já agora leiam também este, está muito interessante.
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