25.9.09

Eleições legislativas 2009

Hoje é o último dia de campanha eleitoral, da qual, diga-se de passagem, já estou mais que farta. Este ano o que se viu foi tudo menos campanha eleitoral: foi "votem em mim porque o outro é mau", foi ataques pessoais, foi insultos disfarçados, já para não falar de assuntos que não tinham nada a ver com as eleições mas que andaram na boca de todos os candidatos. Amanhã é o dia de reflexão, no qual, felizmente, é proibido fazer publicidade partidária, e domingo são as ditas eleições.
Agoram perguntam, "mas o que é que isso tem de interessante?". Pois bem, não tem nada. Escrevo isto só mesmo para dizer que tenho reparado na falta de vontade de uma parte da população, que eu deduzo pelos exemplos das pessoas com quem me relaciono. A classe política está profundamente desvalorizada, o que mais ouço na rua são comentários sobre o facto de todos os políticos procurarem apenas enriquecer e ganhar pessoalmente com as funções, em vez de se esforçarem para o bem comum. Isso é uma pena. Que as pessoas pensem dessa forma, e mais ainda, que essa seja a realidade.
Para estas eleições ponderei seriamente aderir ao conceito do Movimento Voto Nulo, por achar que uma boa parte das medidas propostas dos candidatos não passam disso mesmo, medidas propostas, e que nunca serão concretizadas (por aqui também se vê o meu próprio descontentamento com os políticos). Mas depois pensei que as eleições legislativas, se as virmos bem, não são para eleger um governo e um primeiro-ministro (ou uma primeira-ministra). São para eleger deputados, que representem a população e as suas ideologias e necessidades. Como a minha ideologia política é pouco moderada, pouco do centrão, eu nunca estaria, de qualquer forma, a votar num candidato para o governo. Mas estaria a votar num deputado, alguém para propôr medidas, quer elas sejam aprovadas pela maioria, absoluta ou relativa (ou mesmo pela coligação partidária), que saia destas eleições.
Mas o que eu não entendo, e acho que é provavelmente esse o motivo que me leva a escrever, são aqueles que se abstêm. Isto pode ser a minha visão de pessoa jovem que ainda pouca experiência tem nestas andanças, e que anda desejosa por pôr em prática o seu direito de voto (já para não falar em pessoa com muitos sonhos e ideias vagamente utópicas no que trata de política). Mas mesmo vendo por esse ângulo, não entendo. "Ah, não vou votar porque domingo vai estar bom e tempo e vale mais ir para a praia". Só podem estar a gozar comigo. Caso essas pessoas não se lembrem (e não devem lembrar, ou pior, não devem saber) votar não é só um direito. Votar é um dever civil, já para não falar de uma obrigação moral. Depois essas pessoas passam quatro anos a queixar-se das medidas tomadas pelo governo e pelos deputados da Assembleia da República, mas não têm direito nenhum de se queixar. Não votaram? Agora aguentem-se. Se tivessem ido votar talvez as coisas tivessem sido diferentes.
Por isso, se fazem favor, senhores e senhoras abstêncionistas, domingo levantem essa peida do sofá de casa, ou da cadeira da explanada, ou do areal da praia, ou seja de onde fôr, e cumpram a vossa obrigação como cidadãos.

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